Decisão de Trump acontece após 11 anos da intervenção dos EUA na Síria, no contexto do crescimento do Estado Islâmico no Oriente Médio
Os Estados Unidos (EUA) se preparam para retirar metade das suas tropas na Síria, no Oriente Médio, após se envolverem oficialmente na guerra civil contra o Estado Islâmico. A informação foi confirmada pelo secretário de Defesa do governo de Donald Trump, Pete Hegseth, nesta sexta-feira (18/4). A decisão acontece quatro meses após a queda do regime Bashar Al-Assad.
“Reconhecendo o sucesso que os Estados Unidos tiveram contra o Estado Islâmico — incluindo sua derrota territorial em 2019, sob o governo do presidente Trump —, hoje o secretário de Defesa ordenou a consolidação das forças dos EUA na Síria sob a Força-Tarefa Conjunta Combinada – Operação Inherent Resolve, em locais selecionados no país”, disse o comunicado.
Ao todo, serão retirados cerca de mil soldados dos EUA, uma redução de 50% da atual força de Trump na Síria. O governo norte-americano interviu na guerra civil em 2014, quando o Estado Islâmico avançou no Oriente Médio, tomando várias cidades sírias e também iraquianas. A intervenção estadunidense levou a sequenciais derrotas do grupo terrorista.

Enquanto isso, o grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS) avançou fortemente pela Síria no fim de 2024, levando à queda de Assad. O ditador ficou no poder por 24 anos, e fugiu para a Rússia diante da iminente derrota. Os novos governantes da Síria, apesar de terem lutado contra o regime, não eram aliados do Estado Islâmico, e assumiram o poder prometendo liberdade religiosa. Um governo de transição deve operar durante este ano.
“Essa consolidação reflete os avanços significativos que fizemos para enfraquecer o apelo e a capacidade operacional do ISIS, tanto regional quanto globalmente. (…) Ao longo dos últimos dez anos, a Coalizão Global para Derrotar o ISIS alcançou conquistas importantes, incluindo aquelas que levaram à derrota territorial do grupo em 2019”, disse outro trecho do comunicado.
Ainda de acordo com o Departamento de Defesa, há um compromisso do presidente Trump com a “paz por meio da força”. Dessa forma, a pasta afirmou que o Comando Central dos EUA “continuará preparado para realizar ataques contra os remanescentes do Estado Islâmico na Síria”. O Pentágono também disse que trabalhará em colaboração com parceiros da coalizão “que sejam capacitados e dispostos” a manter a pressão sobre o grupo terrorista.
Esse trecho reflete a pressão de Trump para que os países aliados invistam mais nas suas forças armadas. O presidente dos EUA quer que os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) invistam pelo menos 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em programas e ações de defesa, afirmando que o norte-americanos não mais poderiam ser o principal pilar da aliança.
“Uma linha essencial de esforço para reduzir a força do ISIS é diminuir a população de deslocados e detidos vinculados ao grupo em campos e instalações de detenção no nordeste da Síria; conclamamos a comunidade internacional a repatriar seus cidadãos. O Departamento de Defesa continua mantendo uma capacidade significativa na região, bem como a habilidade de fazer ajustes dinâmicos na postura das forças com base na evolução da situação de segurança no terreno”, concluiu o comunicado.
Metrópoles