Veja o déficit de Mâncio Lima: R$ 7.987.648
Rio Branco é o município mais afetado, com perdas de R$ 374.180.330
Com perdas de até R$ 40,5 bilhões entre 1991 e 2014, a agropecuária e a pecuária são os setores mais economicamente impactados pela crise climática na Amazônia Legal. O valor representa 80% dos R$ 51,1 bilhões em prejuízos financeiros registrados na região, que também incluem os setores da indústria, comércio, serviços e o poder executivo municipal.

Os dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, analisados pelo InfoAmazonia, consideram os danos econômicos causados por alagamentos, secas, incêndios, erosões, deslizamentos, vendavais, ciclones, granizo e outros eventos climáticos extremos.
Entre 1991 e 2024, foram registrados 7.548 eventos climáticos na Amazônia Legal, sendo as inundações as ocorrências mais frequentes. O ano de 2024 apresentou o maior número de episódios climáticos, com destaque para os incêndios florestais (43%), seguidos pela seca (34%) e chuvas intensas (7%).

Municípios mais afetados da Amazônia Legal
A pesquisa também detalha as perdas financeiras por município, revelando que muitas das cinco cidades mais afetadas acumulam prejuízos superiores a um bilhão de reais ao longo dos anos.
- Rondonópolis (MT) – R$ 5.416.677.551
- Sorriso (MT) – R$ 4.815.713.070
- Rondon (PA) – R$ 1.925.276.569
- Xinguara (PA) – R$ 1.144.822.267
- Maués (AM) – R$ 895.778.640
Sorriso, no Mato Grosso (2º lugar), enfrentou seca extrema durante todo o ano. A criação de gado foi seriamente afetada pela escassez de alimento para os animais devido à baixa colheita de soja. “O que era para colher no ano passado, não houve. Os nossos produtores perderam, praticamente, toda a safra. Muitos precisaram fazer empréstimos e ainda estão pagando as dívidas por causa da seca. É um dinheiro que não está mais circulando na cidade”, relatou Alberto dos Santos, coordenador da Defesa Civil da Prefeitura de Sorriso.
Ao todo, o país registrou um déficit de R$ 40,5 bilhões, dos quais R$ 36,2 bilhões se referem à agropecuária e R$ 4,3 bilhões à pecuária.
Prejuízo no estado do Acre
No Acre, o déficit total atingiu R$ 916.513.854 ao longo do período analisado. Rio Branco é o município mais afetado, com perdas de R$ 374.180.330. O estado tem enfrentado inundações históricas, como a segunda maior enchente de sua história em 2024, quando o Rio Acre chegou a 17,98 metros, afetando mais de 70 mil pessoas. No mesmo ano, durante a seca de setembro, o Acre registrou o pior índice de qualidade do ar do país, com 208 µg/m³ (microgramas por metro cúbico).

Os impactos ambientais e as ações humanas que os agravam afetam diversas áreas. Os danos à população também são expressivos: cerca de 3,5 milhões de pessoas na região sofreram ferimentos, precisaram de abrigo público, tiveram suas residências danificadas ou perderam a vida devido às consequências da crise climática.
O tecnologista de desastres naturais do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Rafael Luiz, alerta para o agravamento da situação: “Uma característica das mudanças climáticas é o aumento de eventos tanto pela escassez quanto pelo excesso. Seja por ondas de calor, por episódios de seca ou por chuvas intensas que trazem consigo deslizamentos, vendavais e inundações de grande porte. Esse tipo de situação a gente tem acompanhado e tem sim a tendência de aumentar”.
Veja o déficit por município no Acre (do maior para o menor):
- Rio Branco: R$ 374.180.330
- Cruzeiro do Sul: R$ 140.400.553
- Tarauacá: R$ 56.349.413
- Brasiléia: R$ 47.668.045
- Marechal Thaumaturgo: R$ 47.950.595
- Sena Madureira: R$ 47.267.081
- Jordão: R$ 31.355.056
- Xapuri: R$ 29.630.546
- Porto Acre: R$ 29.020.685
- Capixaba: R$ 25.799.384
- Porto Walter: R$ 25.482.794
- Epitaciolândia: R$ 18.548.060
- Feijó: R$ 19.726.889
- Rodrigues Alves: R$ 11.617.663
- Mâncio Lima: R$ 7.987.648
- Plácido de Castro: R$ 7.630.860
- Assis Brasil: R$ 6.740.000
- Manoel Urbano: R$ 6.498.799
- Santa Rosa do Purus: R$ 5.718.373
- Acrelândia: R$ 1.400.000
- Bujari: R$ 1.850.000
- Senador Guiomard: R$ 1.270.000
Fonte: Contilnet