No porto da casa de seu Erivan da Silva Braga, a recepção foi calorosa. Um homem simples, de sorriso aberto e alma generosa, recebeu a reportagem do Portal Moa Informativo com a frase que traduz seu espírito acolhedor: “Aqui tem lugar para todos.”
Vivendo às margens do Rio Azul, Erivan, de 50 anos, é um batalhador incansável, moldado pelos dias bons e ruins que compõem sua trajetória. Durante o jantar, os visitantes ouviram, em silêncio e admiração, as palavras desse quase ancião sábio, cuja pouca instrução formal nunca impediu a riqueza de suas histórias.
Ele conta que fez questão de que seus três filhos estudassem. Mesmo com todas as dificuldades, lutou junto à comunidade para construir uma escola. Hoje, graças ao esforço coletivo, as crianças ribeirinhas têm acesso a uma escola nova e a um ensino de qualidade.

Erivan relembra que passou toda sua vida às margens dos rios Moa e Azul e que nunca teve a oportunidade de estudar. Desde cedo, precisou ajudar os pais na agricultura, e não havia escola próxima de sua casa.
“Hoje tudo está mais fácil, a energia chegou, a internet encurtou distâncias e nos permite falar com os familiares. Naquele tempo, era tudo isolado, não tinha nada disso”, ressalta com um brilho nos olhos.
Entre goles de café e memórias compartilhadas, ele contou sobre as pescarias no Rio Azul, sobre as cobras que habitam os remansos profundos e sobre as incontáveis caçadas bem-sucedidas na floresta densa e misteriosa da Amazônia. Relatos vívidos, marcados pela emoção de quem vive e respeita a natureza.
Ao fim da refeição, seu Erivan brincou, com bom humor: “Traz o café para não perder o costume!” No interior, o café não é apenas uma bebida, mas um símbolo de carinho e hospitalidade. Aceitá-lo é selar um laço de amizade que permanece para sempre.
A casa simples, de madeira bem cuidada, refletia o amor e o zelo de sua esposa, uma mulher forte e dedicada. As panelas penduradas nas paredes, o fogão a lenha exalando o cheiro do campo cada detalhe transmitia aconchego e tradição. Com orgulho, ela seguia os ensinamentos dos pais, mantendo tudo limpo e organizado com amor.

Naquele lar modesto, entre conversas, histórias e um café forte, ficou a lembrança de que a felicidade mora nas coisas simples da vida.