O estado alcançou apenas 4% de cobertura na primeira dose e 1,91% na segunda, muito abaixo da meta de 95% preconizada
Mesmo com a oferta da vacina contra a dengue para adolescentes de 10 a 14 anos, o Acre registra índices alarmantemente baixos de cobertura vacinal em 2025, acentuando a crise sanitária que já coloca o estado entre os com maior incidência da doença no país.
Apesar dos esforços do Ministério da Saúde para conter o avanço da dengue com a inclusão da vacina Qdenga no calendário de imunização, os dados mais recentes revelam que o Acre segue com baixos índices de cobertura vacinal. Segundo o Boletim Informativo nº 01/2025 da Secretaria de Estado de Saúde (SESACRE), de janeiro a abril, o estado alcançou apenas 4% de cobertura na primeira dose e 1,91% na segunda, muito abaixo da meta de 95% preconizada para o público entre 10 e 14 anos.


Os números são ainda mais preocupantes quando comparados à média nacional. De acordo com o mesmo boletim, o Brasil registra uma cobertura de 13,4% para a primeira dose da vacina e 3,89% para a segunda – índices ainda baixos, mas consideravelmente superiores aos do Acre. O município de Jordão foi o único a se destacar em 2024, com 60,33% de cobertura na primeira dose. No entanto, em 2025, nenhum município acreano atingiu sequer a metade da meta vacinal, evidenciando uma tendência de hesitação ou acesso limitado à vacina.
A baixa adesão vacinal se reflete diretamente nos casos da doença. O Acre ocupa, em 2025, o terceiro lugar entre os estados com maior taxa de incidência da dengue no Brasil, registrando 1.386 casos prováveis a cada 100 mil habitantes. Esse cenário coloca em alerta as autoridades de saúde e reforça a necessidade de intensificação das campanhas de vacinação, especialmente nas regiões de difícil acesso e entre os públicos mais vulneráveis.
Diferentemente da abordagem quantitativa do boletim da SESACRE, é válido reforçar a gravidade da situação ao destacar a superlotação das unidades de saúde e o impacto do aumento de casos na rotina da população acreana. Ambas as fontes, no entanto, convergem ao demonstrar que o estado vive um momento crítico em relação à dengue, agravado pela baixa cobertura vacinal, que compromete a eficácia das estratégias de prevenção.
A expectativa é que, com ações mais incisivas por parte das gestões estadual e municipal, a vacinação seja ampliada ao longo do segundo semestre. A meta continua sendo alcançar a cobertura mínima de 95% até o final do ano, conforme preconiza o Programa Nacional de Imunizações (PNI), para conter o avanço da doença e proteger a população.
Casos em alerta
Com quase 8 mil casos confirmados, o Acre segue como um dos estados com a maior taxa de incidência de dengue no Brasil em 2025. Até esta semana, o estado registrou 7.972 casos prováveis da doença, segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. A taxa de incidência local é de 891,4 casos para cada 100 mil habitantes.
O cenário coloca o Acre na terceira posição entre os estados com maior índice proporcional da doença, atrás apenas de Minas Gerais e do Distrito Federal. Nacionalmente, o Brasil contabiliza mais de 4,2 milhões de casos prováveis de dengue, além de 1.937 mortes confirmadas.
Entre os municípios acreanos, Rio Branco concentra o maior número de notificações, seguido por Cruzeiro do Sul e Sena Madureira. Diante do avanço da doença, o governo do estado tem reforçado campanhas de conscientização e ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, como mutirões de limpeza e visitas domiciliares.
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